Como o Centro Lescer otimizou suas intervenções terapêuticas com o NeuronUP

Patricia Martín Gutiérrez, Supervisora de Fonoaudiologia no Centro Lescer, apresenta neste artigo como otimizaram a abordagem terapêutica do centro com a ajuda da NeuronUP e alguns exemplos de terapias individuais e grupais.

Introdução

Como fonoaudióloga no Centro Lescer, tive o privilégio de acompanhar numerosos pacientes no seu processo de recuperação e melhoria das suas capacidades comunicativas e cognitivas. Cada dia vejo como a reabilitação cognitiva pode fazer uma diferença real na vida de quem sofreu lesão cerebral adquirida (LCA) ou outras condições neurológicas. Desde o primeiro contato com o paciente até aos avanços alcançados com esforço e dedicação, cada história é um testemunho do impacto positivo do nosso trabalho.

No nosso centro, a fonoaudiologia desempenha um papel essencial dentro da reabilitação neurológica, ajudando a recuperar funções relacionadas com a comunicação, a fala, a voz e a deglutição.

A chegada da plataforma NeuronUP às nossas sessões representou uma revolução na forma como abordamos a estimulação cognitiva. A sua implementação permitiu-nos oferecer intervenções mais dinâmicas, personalizadas e motivadoras para os nossos pacientes.

Sobre o Centro Lescer

O que é o Centro Lescer?

O Centro Lescer nasceu com a missão de oferecer serviços integrais de neurorreabilitação a pessoas afetadas por lesão cerebral adquirida, como AVC, tumores, traumatismos cranioencefálicos, polineuropatias, doenças neurodegenerativas, etc. Com três décadas de trajetória, o centro consolidou-se como um espaço interdisciplinar onde convergem profissionais especializados para dar a cobertura que os nossos pacientes necessitam.

Como é a equipa profissional do Centro Lescer?

O centro destaca-se pela sua abordagem holística, combinando terapias baseadas em evidência científica com um trato humano próximo. A sua equipa é formada por:

• Neurologistas responsáveis por avaliações diagnósticas.
• Neuropsicólogos especializados na recuperação dos aspetos cognitivos.
• Fisioterapeutas especializados na recuperação motora.
• Fonoaudiólogos especialistas em perturbações da comunicação, fala, voz e deglutição.
• Terapeutas ocupacionais focados na autonomia diária.
• Assistente social.
• Enfermeiro.
• Auxiliares.

Qual é a especialidade do Centro Lescer?

Para garantir uma atenção integral, o centro está organizado em diversas unidades especializadas que abordam as distintas necessidades dos nossos pacientes:

Unidade hospitalar

Destinada a pacientes que necessitam de atenção intensiva e contínua devido à gravidade da sua condição neurológica. Nesta unidade, os profissionais trabalham de forma coordenada para abordar as necessidades médicas, funcionais e cognitivas de cada paciente, assegurando uma reabilitação completa.

Unidade de atendimento domiciliar

Pensada para pacientes que, por diversas razões, não podem deslocar-se até o centro. A nossa equipa de profissionais desloca-se aos seus domicílios para oferecer uma reabilitação adaptada, garantindo a continuidade do tratamento e favorecendo a recuperação num ambiente familiar.

Unidade ambulatorial

Desenhada para pacientes que requerem tratamento periódico sem necessidade de hospitalização. Aqui são oferecidas sessões programadas de fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e neuropsicologia, permitindo a continuidade da reabilitação sem afetar a sua rotina diária.

Centro de dia

Focado na atenção diurna de pacientes com alterações neurológicas que requerem um acompanhamento terapêutico constante, mas que podem regressar aos seus lares ao final do dia. Aqui realizam-se programas personalizados de reabilitação, combinando terapia física, ocupacional, fonoaudiologia e neuropsicológica num ambiente estruturado.

Unidade de telereabilitação

Para aqueles pacientes que não podem vir ao centro por causa do local de residência, por não terem quem os traga durante períodos de férias, ou porque os seus problemas médicos os impedem de vir às nossas instalações. No Centro Lescer aumentámos e melhorámos a nossa unidade de telereabilitação.

No Lescer focamo-nos no mapa da jornada do paciente, isto é, o percurso que o paciente segue desde a sua admissão até à reabilitação completa. Começamos com a primeira avaliação inicial, onde estabelecemos um plano de tratamento interdisciplinar ajustado às suas necessidades, completamente individualizado segundo os objetivos definidos tanto pelo paciente como pela sua família. Ao longo do processo, realizamos acompanhamentos periódicos para avaliar o seu progresso e adaptar as intervenções conforme a sua evolução. Esta abordagem permite-nos garantir uma reabilitação mais eficaz, centrada em objetivos alcançáveis e com uma visão a longo prazo para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Qual é o perfil dos utilizadores no Centro Lescer?

No Lescer trabalhamos com pessoas que sofreram:

• Lesão cerebral adquirida (LCA).
• Tumores.
• Doenças neurodegenerativas.

O Centro Lescer como centro de reabilitação e estimulação cognitiva

Qual é a abordagem das terapias de reabilitação e estimulação cognitiva?

No Lescer adotamos uma abordagem integral baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), centrada nas necessidades do paciente e no seu ambiente. O nosso objetivo é desenhar planos de reabilitação personalizados que abordem tanto as funções físicas como cognitivas afetadas pela lesão cerebral.

A estimulação cognitiva é uma parte fundamental das nossas terapias, porque procura melhorar habilidades como memória, atenção, linguagem e funções executivas, essenciais para a reintegração social e laboral dos nossos pacientes. Concretamente, a estimulação cognitiva faz parte das terapias realizadas em todas as unidades do centro.

No caso da unidade do centro de dia, realiza-se tanto em sessões individuais como grupais; enquanto, nas restantes unidades, realiza-se em terapias individuais. Na fonoaudiologia, prioriza-se a recuperação da comunicação e da deglutição, cruciais para alcançar a reinserção do paciente.

Reabilitação cognitiva com NeuronUP no Centro Lescer

Quais foram as razões para a implementação da NeuronUP no Centro Lescer?

A decisão de incorporar a NeuronUP nas nossas terapias surgiu da necessidade de dispor de uma ferramenta versátil e atualizada que nos permitisse personalizar as intervenções de acordo com as características individuais de cada paciente. A NeuronUP oferece uma ampla variedade de atividades e recursos que se adaptam a diferentes níveis de dificuldade e áreas cognitivas, o que facilita a criação de programas de reabilitação específicos e eficazes.

Além disso, por ser uma ferramenta digital, é muito motivadora para os nossos pacientes.

Quais são os benefícios da NeuronUP nas intervenções dos utilizadores do Centro Lescer?

1. Personalização das terapias: a ampla gama de atividades disponíveis permite-nos desenhar programas específicos para cada paciente, atendendo às suas necessidades e objetivos particulares.
2. Motivação e compromisso: a interface interativa e as atividades dinâmicas da NeuronUP aumentam a motivação dos pacientes, favorecendo a sua participação ativa no processo de reabilitação.
3. Acompanhamento detalhado: a plataforma oferece ferramentas de acompanhamento que facilitam a avaliação contínua do progresso, permitindo ajustes oportunos nas terapias.
4. Acessibilidade: é uma boa opção para o trabalho com pacientes da unidade de telereabilitação, garantindo a continuidade das terapias sem interrupções.

Quais são os benefícios da NeuronUP para os profissionais do Centro Lescer?

1. Simplificação do planeamento e gestão das sessões.
2. Acesso a ferramentas de avaliação e acompanhamento detalhado.
3. Possibilidade de criar programas personalizados em função dos objetivos terapêuticos.

Como tem sido a aceitação da NeuronUP por parte dos utilizadores do Centro Lescer?

A resposta tem sido muito positiva:

1. Idosos: valorizam a simplicidade da interface e a sensação de conquista ao superar níveis. O feedback que a plataforma fornece faz com que os pacientes se motivem a avançar e a realizar exercícios mais complexos, com menos frustração.
2. Famílias: agradecem poder participar em atividades desde casa por meio da versão para cuidadores.

Casos de sucesso no Centro Lescer graças ao trabalho com a NeuronUP

Unidade domiciliar: terapia individual de afasia motora

A seguir expomos o caso de uma paciente com afasia motora. Trata-se de uma mulher de 67 anos que sofreu um AVC isquêmico na artéria cerebral média esquerda e com quem iniciámos tratamento na unidade hospitalar. Lá esteve duas semanas recebendo uma sessão diária de fonoaudiologia. À alta do hospital, começámos a realizar o tratamento no seu domicílio.

Visto que um dos objetivos que a paciente solicitava era fazer as suas compras diárias para começar a cozinhar, trabalhámos o reconhecimento e o uso do dinheiro, o vocabulário e as listas de compras. Este grande objetivo foi realizado em conjunto entre terapia ocupacional e fonoaudiologia, proporcionando tratamento uma hora de manhã com o terapeuta ocupacional e outra hora à tarde com fonoaudiologia.

Tanto o terapeuta ocupacional como o fonoaudiólogo utilizaram a NeuronUP com o objetivo de trabalhar o conceito do dinheiro, o seu reconhecimento, o pagamento de quantias e pequenos cálculos mentais. Trabalhámos durante um mês, para posteriormente pôr em prática: saímos com ela ao supermercado e, pouco a pouco, fomos retirando a nossa ajuda para que ela terminasse por completo realizando a tarefa, apenas com a nossa presença.

Finalmente, após dois meses de terapia, a paciente com afasia motora conseguiu realizar pequenas compras em lojas próximas de sua casa. 

Atividades da NeuronUP com as quais se trabalhou nesta terapia individual de afasia motora

• Classifique o dinheiro, uma atividade para adultos pensada para trabalhar as gnosias visuais e a atenção seletiva. 
• Pagamento exato, um exercício para adultos focado na memória de trabalho, planeamento e compras.
• Objetos, estabelecimentos e profissionais, fichas para adultos dirigidas a treinar a orientação espacial e as compras.

Resumo desta segunda terapia individual dirigida a trabalhar a afasia motora

• Objetivos: reconhecimento e uso do dinheiro; além do uso do vocabulário adaptado ao contexto.
• Resultados observados: em dois meses conseguiu realizar pequenas compras em lojas próximas de sua casa.

Unidade ambulatorial: terapia individual de afasia motora

Neste caso também abordámos um caso de afasia motora, mas, desta vez, desde a unidade ambulatorial. Trata-se de um paciente do sexo masculino que sofreu, tal como a paciente anterior, um AVC isquêmico na artéria cerebral média esquerda.

Quando chegou ao nosso centro já tinha uma evolução de dois anos e padecia de uma afasia motora, com anomia e agramatismo que o levavam a comunicar palavras isoladas, não sendo capaz de elaborar mensagens mais complexas que comunicassem melhor as suas ideias.

O objetivo que nos solicitava era poder expressar melhor as suas ideias e que a sua família e amigos pudessem entendê-lo melhor. Para isso, realizámos uma sessão diária de fonoaudiologia os cinco dias da semana.

Atividades da NeuronUP com as quais se trabalhou nesta terapia individual de afasia motora

• Nomear objetos com pistas fonológicas, fichas para adultos pensadas para trabalhar a denominação.
• Encontrar palavras por sua definição, Relacionar substantivo com imagem, Relacionar verbo com imagem e Relacionar adjetivo com imagem, fichas para adultos para melhorar o vocabulário.
• Par pela categoria, uma atividade para adultos pensada para trabalhar o raciocínio.
• Ordena passos em atividades, fichas para adultos em formato texto e imagem dirigidas a treinar o planeamento, o raciocínio e a compreensão.
• Formar frases, um exercício para adultos focado na expressão, na memória de trabalho, na flexibilidade, no planeamento e na compreensão.
• Criar histórias a partir de palavras, fichas para adultos pensadas para trabalhar a fluência, o planeamento e o raciocínio.
• Inventa uma história com desenhos, fichas para adultos similares às anteriores, dirigidas a trabalhar o raciocínio e a expressão.

Resumo desta segunda terapia individual dirigida a trabalhar a afasia motora

• Objetivos: melhorar a denominação e a fluência verbal.
• Resultados observados: em três meses, passou de articular palavras soltas a formar frases de 4-6 palavras. Além disso, a sua família notou melhorias na sua autoestima e participação nas conversas.

Unidade do centro de dia: grupo de expressão oral e compreensão

A seguir apresentamos um dos casos de sucesso de terapias grupais. Neste caso, trata-se de um grupo de reabilitação formado por quatro senhoras que apresentam afasia. Concretamente, três delas apresentam afasia motora e a quarta, afasia mista. As idades variam dos 35 anos da mais jovem aos 72 anos da mais velha.

Entre elas dão-se muito bem, partilham hobbies e adoram a terapia grupal por vários motivos diferentes. Um deles, e no qual todas concordam, é estar com pessoas a quem aconteceram coisas semelhantes e que têm dificuldades parecidas. Por outro lado, apoiam-se muito entre si. Quando uma delas bloqueia, outra dá-lhe um pequeno empurrão para que possa continuar.

Esta oficina é realizada pelo Departamento de Fonoaudiologia do centro e realiza-se duas vezes por semana com duração de uma hora e meia por oficina. O objetivo com todas é melhorar a sua comunicação. 

Resumo desta terapia grupal para expressão oral e compreensão

• Objetivo: melhorar a comunicação oral. 
• Resultados observados: os pacientes alcançaram avanços na sua fluência verbal e na estruturação do discurso, melhorando a capacidade de comunicar de maneira eficaz em situações do quotidiano.

Unidade do centro de dia: grupo de funções executivas

Por fim, abordámos uma terapia grupal com um grupo misto formado por homens e mulheres com patologias diversas:

• Uma mulher de 53 anos com traumatismo cranioencefálico (TCE). 
• Um homem de 59 anos com esclerose múltipla (EM). 
• Uma mulher de 55 anos com acidente cerebrovascular (ACV).
• Um homem de 63 anos com demência inicial. 

O objetivo da oficina era aumentar a participação em atividades quotidianas, melhorando habilidades de planeamento, organização e tomada de decisões. Esta oficina foi conduzida pelos neuropsicólogos da unidade do centro de dia, duas vezes por semana, com duração de uma hora e meia em cada dia.

 

Resumo desta terapia grupal para trabalhar as funções executivas

• Objetivo: alcançar funcionalidade em tarefas da vida diária.
• Resultados observados: com o tempo, os utilizadores demonstraram maior capacidade para estruturar as suas atividades diárias, como organizar a medicação ou planear as compras semanais, aumentando a sua autonomia e segurança.

Os benefícios foram evidentes:

• A mulher com TCE conseguiu estruturar melhor as suas rotinas diárias. 
• O homem com EM melhorou o seu planeamento e antecipação de eventos. 
• A mulher com ACV aumentou a sua capacidade para organizar atividades.
• O homem com demência inicial reforçou a sua capacidade de tomada de decisões em contextos sociais. 

Estes casos refletem como a tecnologia aplicada à fonoaudiologia e à reabilitação cognitiva em grupos pode potenciar a recuperação de pacientes com LCA, promovendo a sua independência e qualidade de vida.

Conclusão e reflexões

Um olhar pessoal desde a fonoaudiologia

Quando cheguei ao Centro Lescer há 17 anos, a reabilitação de adultos com lesão cerebral adquirida (LCA) baseava-se em métodos clássicos: cadernos de exercícios, fichas de memória e terapias de repetição. Hoje, após a incorporação da NeuronUP em 2018, não só modernizámos as nossas práticas, como redefinimos o que significa acompanhar um adulto na sua luta para recuperar o que a lesão cerebral adquirida (LCA) lhes tirou.

Reflexões a partir da experiência: NeuronUP e a essência da reabilitação em LCA

A lesão cerebral adquirida é uma jornada abrupta. Um dia, uma pessoa está plena; no dia seguinte, enfrenta a perda da sua linguagem, da sua memória ou da sua capacidade para planear uma simples tarefa, além das possíveis alterações motoras. Nestes anos, aprendi que a reabilitação não é apenas restaurar funções, mas que é, como dizemos no Lescer, reinventar vidas. E é aqui que a NeuronUP se tornou um aliado excecional.

Lembro-me do caso de Antonio, um engenheiro de 48 anos que sofreu um AVC em 2021. Chegou ao centro com uma afasia severa: mal conseguia articular palavras de uso frequente. Usámos a atividade “Associe Palavra-Imagem” da NeuronUP para reativar o seu vocabulário funcional. Com o tempo, Antonio não só recuperou termos isolados, como começou a empregar essas palavras nas suas conversas. 

Também valorizo como a plataforma melhorou a eficácia das sessões grupais. Em adultos com LCA, a interação social é terapêutica, mas desenhar atividades que respeitem diferentes níveis de comprometimento era um desafio. Agora, com a NeuronUP, organizamos oficinas onde cada paciente trabalha uma função cognitiva específica (atenção, memória, linguagem) no seu dispositivo, mas com metas partilhadas. Por exemplo, na atividade “Resolva o Enigma”, uns decifram pistas léxicas, outros sequências numéricas, e no final unem as suas respostas para “abrir um baú” virtual. A satisfação de alcançar algo juntos, apesar das limitações, é um motor emocional incalculável.

Uma conclusão do coração

Trabalhar com lesão cerebral é como escalar uma montanha muito dura. Mas quando vês alguém dar um passinho, por mais pequeno que seja, sentes que ganhaste algo grande. Nos meus anos como fonoaudióloga, vi alguém chorar de emoção quando conseguiu dizer o seu nome, o da família e dos amigos após meses sem poder falar, ou como o rosto se ilumina ao recordar de repente o aniversário do seu filho. E sabes o quê? A NeuronUP não veio tirar a magia desses momentos; pelo contrário: tornou-os maiores, como quando colocas um amplificador numa canção que já gostavas.

Por vezes perguntam-me se a tecnologia nos afasta da essência da terapia. A minha resposta é clara: depende de como a usas. Uma ferramenta é fria apenas se esqueceres que por trás de cada exercício há uma pessoa que perdeu a sua vida anterior e luta por construir uma nova. No Centro Lescer, nunca perdemos isso de vista.

Para terminar, partilho uma anedota que resume a minha visão. Em 2023, um paciente com afasia disse-me após uma sessão com a NeuronUP: “Patri, hoje senti que o meu cérebro… acendeu-se outra vez”. Essa frase, hesitante mas cheia de esperança, é o motivo pelo qual continuaremos a inovar. Porque cada “acendimento” cerebral é um passo rumo à reconquista da autonomia, da identidade e da dignidade.

E nesse caminho, ferramentas como a NeuronUP não são um luxo: são uma ponte para a vida que merecem voltar a viver.

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