A terapeuta ocupacional e professora da Universidade de Burgos, Olalla Saiz, explica neste artigo, junto com sua aluna Victoria Gómez, o tratamento do transtorno do espectro autista (TEA). Em específico, como realizar uma intervenção cognitiva em crianças com TEA com o NeuronUP.
O que é o transtorno do espectro autista (TEA)?
O transtorno do espectro autista é definido como: um transtorno do neurodesenvolvimento de origem neurobiológica, que apresenta uma ampla variedade de expressões clínicas, como resultado de disfunções multifatoriais do desenvolvimento do sistema nervoso central.
Sintomas do transtorno do espectro autista
Em todos os casos de síndrome do espectro autista apresentam sintomas nas seguintes três áreas:
- Alteração do desenvolvimento da interação social recíproca,
- alteração da comunicação verbal e não verbal,
- Repertório restrito de interesses e comportamentos.
Áreas em que apresentam dificuldade
O TEA apresenta dificuldades nas seguintes áreas:
- interação social recíproca,
- comunicação e linguagem,
- comportamentos repetitivos e inflexibilidade mental,
- condições psiquiátricas,
- disfunções cognitivas e de aprendizagem,
- patologias médicas.
Qual é a origem do transtorno do espectro autista?
A etiologia do TEA é considerada multifatorial, não há uma causa concreta que especifique por que essa condição se manifesta. No entanto, é certo que um fator muito importante é a herança genética.
Intervenção cognitiva em crianças com transtorno do espectro autista com NeuronUP
A seguir são explicados os objetivos da sessão de intervenção, a metodologia, o cronograma, a duração e as atividades escolhidas.
Objetivos da intervenção cognitiva em crianças com TEA
O objetivo principal da intervenção cognitiva em crianças com transtorno do espectro autista com o NeuronUP é melhorar a função cognitiva da atenção. Para isso, será realizada uma sessão cognitiva com o programa NeuronUP.
Além disso, são estabelecidos alguns objetivos específicos:
- Melhorar a atenção sustentada na realização de atividades,
- potencializar a atenção focalizada na atividade,
- minimizar os comportamentos de hiperatividade ou impulsividade,
- aumentar a concentração ao executar uma tarefa determinada.
Metodologia
- O grupo conta com cerca de 15 crianças com TEA.
- As salas podem ser dispostas em formato de U.
- De acordo com as características das crianças, tentará-se realizar algumas atividades de forma conjunta, como a atividade 1, ou individualmente, cada uma com seu computador. Caso se decida fazer de forma individual, as terapeutas deverão ficar atentas às crianças caso necessitem de ajuda.
- As atividades serão realizadas por meio da plataforma NeuronUP (2).
Cronograma
Para realizar a sessão de NeuronUP, seguirá-se o seguinte cronograma:
Horário | Atividade |
10:00 – 10:30 | Atividade de início |
10:30 – 10:40 | Atividade 1: Moldes |
10:40 – 10:50 | Atividade 2: Busca y encontrarás |
10:50 – 11:00 | Atividade 3: Código secreto |
11:00 – 11:30 | Intervalo |
11:30 – 11:40 | Atividade 4: Escapa del monstruo (se houver tempo). |
11:40 – 12:00 | Atividade de encerramento |
O cronograma inclui uma atividade de início para realizar uma primeira tomada de contato. O objetivo é criar confiança tanto entre as crianças quanto entre nós e as crianças.
Duração da intervenção
Cada atividade do NeuronUP tem duração de 10 minutos, resultando em uma sessão de cerca de 40 minutos no NeuronUP e 20 ou 30 minutos para a atividade de início e de encerramento. Estes dois últimos são mais longos porque é necessário explicar bem o que queremos fazer com eles e avaliar como foi a sessão.
Caso a sessão dure mais do que o previsto porque necessitem de mais tempo para realizar as atividades, a atividade número 4 ficará como reserva caso alguma atividade não lhes pareça atraente ou de seu agrado.
Materiais necessários
Os materiais necessários para realizar esta intervenção para o tratamento do transtorno do espectro autista (TEA) SÃO:
- Computador,
- NeuronUP.
Atividades do NeuronUP para realizar uma intervenção cognitiva em crianças com TEA
A seguir, explicamos em detalhes as atividades escolhidas para realizar a sessão do NeuronUP:
1. Moldes
Em que consiste?
O terapeuta apresentará o jogo às crianças e explicará. O jogo consiste em colocar cada peça em seu lugar.
No jogo, mostramos a figura a ser posicionada em uma cor e o espaço onde devem colocar a figura em cor cinza, para entender a associação da forma com sua sombra.
Quando a criança acerta, o boneco fica feliz e, se erra, triste.
O que esta atividade trabalha?
Esta atividade, ao trabalhar com crianças com TEA, tem como função principal as gnosias visuais e como secundária a atenção seletiva.
Jogue por níveis
O jogo está dividido em 6 fases. Sendo a fase 1 a mais fácil e a 6 a mais complexa.
O usuário subir ou descerá de nível automaticamente de acordo com seus acertos ou erros, considerando que tem três vidas por fase.
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2. Busca y encontrarás
Em que consiste?
Este exercício consiste em buscar uma série de elementos em um conjunto. Apresentamos um exemplo no vídeo a seguir:
O que esta atividade trabalha?
Este exercício trabalha a atenção seletiva.
Jogue por níveis
O jogo está dividido em 12 fases. Sendo a fase 1 a mais fácil e a 12 a mais difícil.
A criança subirá ou descerá de nível automaticamente de acordo com seus acertos ou erros.
Na fase mais simples, a 1, nos indicam, por exemplo, o animal que devemos buscar entre quatro animais e colocá-lo na fazenda.
À medida que os níveis aumentam, há mais animais para procurar entre muitos outros animais, como mostrado na imagem a seguir:
3. Código oculto
Em que consiste?
Consiste em encontrar o mais rápido possível os números que permanecem estáticos entre um grupo de números que mudam constantemente.
O que esta atividade trabalha?
Esta atividade trabalha:
- a atenção seletiva,
- as gnosias visuais,
- a atenção sustentada.
Jogue por níveis
O jogo tem 9 fases. Sendo a fase 1 a mais fácil e a 9 a mais difícil.
Na fase 1 há 25 números e todos se movem, exceto seis. O objetivo é encontrar esses seis números que não se movem e clicar sobre eles.
À medida que você avança nas fases, fica mais complicado. Na fase 9, a difícil, há 256 números e apenas 1 se move. Esta fase será realizada somente quando percebermos que as crianças executam as anteriores com facilidade. (Fase difícil).
4. Escapa del monstruo
Em que consiste?
O terapeuta explicará o jogo, que consiste em selecionar, o mais rapidamente possível, as casas de avanço para evitar ser alcançado pelo monstro.
O que esta atividade trabalha?
Esta atividade, ao trabalhar com crianças com TEA, tem como função principal a velocidade de processamento e como secundária a atenção seletiva.
Jogue por níveis
O jogo está dividido em 12 fases. Sendo a fase 1 a mais fácil e a 12 a mais complicada.
O usuário subirá ou descerá de nível automaticamente de acordo com seus acertos ou erros.
Na fase 1, terá apenas que escolher a figura, um círculo ou um quadrado, e seguir a sequência. O usuário subirá ou descerá de nível automaticamente de acordo com seus acertos ou erros, considerando que tem três vidas por fase.
Na última fase, a fase 12, é preciso escolher a cor do fundo, a cor da figura, o traçado e a forma da figura. Ou seja, a cada vez o jogo exige maior atenção e concentração por parte da criança com transtorno do espectro autista.
Conclusão
Trabalhar a atenção com crianças pode ser muito benéfico para elas.
Problemas
- É certo que podem surgir problemas como a falta de iniciativa, embora, sendo jogos tão dinâmicos, não creio que esse problema ocorra em todo o grupo, mas sim de forma mais individual.
- Outros problemas que podem surgir são que as explicações não sejam suficientemente claras e que as crianças não entendam o que deve ser feito. Para isso, devem ser dadas diretrizes claras, simples e breves.
- E, por fim, pode ocorrer o problema da frustração, pois, dependendo das capacidades da criança, ela poderá concluir uma fase ou outra. Por esse motivo, considero importante trabalhar por fases, uma vez que cada criança pode progredir conforme seu desenvolvimento e ir melhorando gradativamente.
NeuronUP, plataforma polivalente
Para finalizar, acredito que o NeuronUP é uma plataforma muito boa, pois oferece muitos recursos e atividades para trabalhar as diferentes funções cognitivas. Além disso, é uma plataforma muito versátil, pois pode ser utilizada tanto com crianças quanto com adultos, ou em determinadas áreas cognitivas que podem ser mais complexas e inacessíveis.
Bibliografia
1. American Psychiatric Association, editor. Guia de consulta dos critérios diagnósticos do DSM-5. Arlington, VA: American Psychiatric Publishing; 2014. 438 p.
2. Atividades digitai{
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